Estudo de substâncias com ação antagonista sobre o receptor P2X7 como inibidores da migração celular no modelo de inflamação induzido pela carragenina.voltar para a edição atual

GEOVANA ESPINDOLA JARDIM

Sob orientação de Robson Xavier Faria
O receptor purinérgico P2X7 é um canal ativado fisiologicamente pela adenosina 5’-trifosfato (ATP) extracelular e está distribuído amplamente em mamíferos, incluindo células de linhagem hematopoiética, como macrófagos e micróglias. Uma breve exposição ao ATP extracelular permite que cátions, como Ca2+, Na+ e K+, passem pela membrana. Uma estimulação prolongada induz a formação de um poro permitindo a entrada de moléculas de até 900 Da, como corantes orgânicos. Além disso, o P2X7 é responsável por regular eventos celulares, incluindo liberação de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1? (IL-1?), IL-6, TNF-? e a morte celular. Uma vez liberadas, essas citocinas desempenham papel como mediadores intracelulares de geração e controle de resposta imune e inflamatória. Nesse contexto, estudar o funcionamento do P2X7 torna-se limitado pela falta de antagonistas seletivos com potente atividade in vitro e in vivo nos modelos animais e propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas apropriadas em humanos, que demonstrem efeito superior à droga de referência em ensaios clínicos. De fato, as substâncias estudadas até o momento, por outros grupos científicos e indústrias farmacêuticas, falharam essencialmente em ensaios clínicos para a artrite reumatoide. Em trabalhos anteriores do nosso grupo, após uma triagem, foram selecionados naftoquinonas, ácido borônicos e triazóis e pirazóis que apresentaram inibição do P2X7, com IC50 na faixa de nanomolar, sem toxicidade celular após 72h de exposição, CC50 acima de 100 micromolar, e redução da inflamação no modelo de edema de pata. Neste trabalho, daremos continuidade ao estudo desses compostos, in vivo, avaliando a atividade anti-inflamatória no modelo de peritonite induzida pela carragenina em camundongos. Três naftoquinonas (N1, N2 e N3), 4 ácidos borônicos (AB1, AB2, AB3 e AB4), 3 triazóis (T1, T2 e T3) e 6 tiadiazóis TI1, TI2, TI3, TI4, TI5 e TI6) serão estudadas quanto a capacidade de reduzir a migração de células inflamatórias no modelo de peritonite induzida por carragenina. Usaremos este modelo para verificar se antagonistas seletivos para este receptor são capazes de reverter uma reposta inflamatória causada por um mediador geral, como a carragenina. Todos os compostos terão suas atividades comparadas ao Brilliant Blue G (BBG), um antagonista do receptor P2X7R e da dexametasona. Adicionalmente, investigaremos a toxicidade aguda em dose única destas substâncias. A atividade das substâncias nestes protocolos é um alicerce para se expandir os estudos em modelos experimentais de sepse, inflamação crônica, como o da artrite reumatoide induzida por colágeno, e outros testes de toxicidade.
Área de conhecimento (CNPq): Farmacologia Linha de pesquisa na FIOCRUZ: 5.4. Estudos celulares, bioquímicos e moleculares do processo inflamatório, mecanismos fisiopatológicos e perspectivas terapêuticas nas respostas inflamatórias local e sistêmica